A urgência do tudo
- Luciano Lopes
- 19 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2024

Estou envelhecendo e isso é muito bonito. Nasceu uma sinceridade mais apurada e uma força doida de não perder tempo com o que não vale a pena. Que delícia esse negócio de maturidade, que vem com o valor agregado da impaciência do bem! Não há nada mais eficiente e verdadeiro nessa vida do que mostrar como se é e o que pensa. A velhice nos descortina para o mundo - sou eu, com a alma nua na janela, agradecendo as lições e afagando o futuro que se desdobra no horizonte.
O que a gente quer com a velhice é leveza e paz interior, sem espaço para perturbações. Para isso, a gente se cola na fé, no amor, nas plantas e no silêncio. Para uma vida toda de ruídos, chega uma hora que a quietude é o melhor dos remédios. Entendemos diferente, opinamos diferente, pensamos diferente. A velhice abre nossos olhos para o que não víamos antes.
O tempo é ouro. Envelhecer é a urgência do tudo, do riso, do prazer, da gentileza, da companhia, da saúde. E é uma pena que no auge da juventude não tenhamos a consciência de perceber isso.
Na velhice, vem a conta das amizades: as genuínas ficam e resistiram à peneira da vida, que vai nos separando dos grumos de gente que não nos merece. Bons amigos às vezes ficam pela estrada, mas, se você os encontra novamente, o tempo se encarrega de reviver os momentos. Quando passamos dos 45 anos, a vida leva muita coisa de nós, mas traz também o que a gente, finalmente, merece.
Ler mais livros, ficar sozinho (a) quando der vontade, fazer aquele curso que você sempre quis (mas sempre adiou), namorar muito e não deixar afeto para trás. Nada para de chegar nos caminhos da vida. E seguimos, almoçando com as pequenas solidões que nos visitam. As pequenas alegrias, essas sempre são companhias bem-vindas em todas as viagens.
Maturidade é tempo de refletir e rever o que passamos. Perdoe quem tiver de ser perdoado e desejo que você tenha a benção (ou sorte), de ter sido perdoado por quem tenha, talvez, machucado. Agora, mais maduro (a), as angústias entram em crise e a gente se cura.
Maturidade é para ser feliz, cônjuge do tempo, que desvenda nossos olhos para a simplicidade – onde realmente vale a pena morar.
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