Carta para meus sonhos
- Luciano Lopes
- 22 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jan. de 2022

Prezados sonhos,
Já faz um tempo que não nos falamos. A última vez foi naquele encontro com meu avô e minha tia que já morreram. Eles estavam com outros amigos meus, que fizeram a passagem mais recentemente, e me diziam que todos integravam uma única família.
Desde então, vocês não deram as caras. Tentei contatá-los outras vezes, mas o telefone espiritual caía na caixa de mensagens. Meditei durante o dia, para facilitar a entrada de vocês aqui em casa à noite, sem sucesso. Cheguei até a duvidar se eu estava em dia com as contas do Universo interior quitadas. Pra minha sorte, sim.
Minha insônia diminuiu, vocês sabiam? Comecei a ir para a cama em um mesmo horário, com ou sem sono, e tem funcionado bem. Acostumei o corpo de que aquele momento é o do descanso. E aí ele se entrega. Mas vocês precisam quitar a dívida que têm comigo. Sonhar é um conforto para um coração inquieto como o meu. Não podem sumir do nada, sem ao menos deixarem um recado na secretária eletrônica de meu sono profundo. Ou enviarem um WhatsApp sobrenatural para me informar quando voltarão.
O Natal está chegando aí. Quem sabe vocês me presenteiam com uma memória afetiva ou apenas apareçam para batermos um papo no astral de nossos mundos paralelos? Não vai ter vinho pra celebrar esse encontro, mas vai ter risadas e lágrimas nesse balaio de almas que o Criador desenhou para ascendermos a uma condição melhor de espírito.
Vai ter abraços siderais ao som de cítaras e harpas. Vamos ver nossa vida terrena em filmes. Vamos nos reencontrar com os nossos. E vamos dar mais um laço para fortalecer essa grande experiência que é viver a vida em todas as suas dimensões, rumo à glória do porvir.
Sei que vocês, sonhos, não estarão embrulhados em caixas coloridas debaixo da árvore de natal ou vão chegar de supetão na porta de casa, insinuando surpresa. Mas aguardo vocês ao pé da cama. Depois que o travesseiro sinalizar que a porta da consciência está aberta, não entrem fazendo barulho. Os olhos do corpo estarão em sono, mas os da alma seguirão acesos para o aconchego das lembranças e dos pequenos futuros que se formam ousadamente para nós.
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