Desdobrável
- Luciano Lopes
- 7 de fev. de 2021
- 1 min de leitura
Para Adélia Prado.

Onde sou
nada mais tenho,
porque já é hora de
reencher-me.
Peco mais,
há mais vazios
onde antes
era nuvem.
O sol não me queimava
porque a chuva
não tinha medo
de mostrar sua dança.
Fui de trem
para o ralo do poço
mas voltei.
Tomei ranço
da solidão:
a felicidade
gritou mais alto.
Já estou cheio de mata e
meus rios têm cílios verdes,
posso voltar ao mar.
Pisquei e o tempo
voou, mas o sabiá
contou o passo.
Nunca mais veio com valentia,
porque na hora bamba,
eu desato a sorrir.
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