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Desdobrável

Para Adélia Prado.



Onde sou

nada mais tenho,

porque já é hora de

reencher-me.


Peco mais,

há mais vazios

onde antes

era nuvem.


O sol não me queimava

porque a chuva

não tinha medo

de mostrar sua dança.


Fui de trem

para o ralo do poço

mas voltei.


Tomei ranço

da solidão:

a felicidade

gritou mais alto.


Já estou cheio de mata e

meus rios têm cílios verdes,

posso voltar ao mar.


Pisquei e o tempo

voou, mas o sabiá

contou o passo.


Nunca mais veio com valentia,

porque na hora bamba,

eu desato a sorrir.

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