Leseira
- Luciano Lopes
- 5 de jul. de 2019
- 1 min de leitura

Uma aridez de pensamentos me corrói.
Amanheço sem querer e, no papel,
as palavras não vêm.
Acendo luzes,
canso rápido de seus brilhos,
e as apago.
O estômago dói.
Como e não me satisfaço.
Vou além e não me preencho.
O vazio é o único que se alimenta de mim.
Bebo água e, como rio, encho. E seco.
Estou doente de corpo?
Estaria sisuda a minha alma?
Minto.
Corro e não avanço.
Tropeço e fico no chão.
Levantar para quê?
Penso.
De pé é mais fácil. Ou não.
Em mim, o prazer é um momento e o sofrimento dura mais.
Porque sorrir é uma boa desculpa para
esconder o quanto sofro.
O que eu tenho, então?
Pergunto aos passarinhos que me habitam,
mas aquele que bate vermelho
se recusou a falar.
Foi então que constatei o pior:
o que eu tenho é preguiça mesmo.
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