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Leseira


Uma aridez de pensamentos me corrói.

Amanheço sem querer e, no papel,

as palavras não vêm.

Acendo luzes,

canso rápido de seus brilhos,

e as apago.

O estômago dói.

Como e não me satisfaço.

Vou além e não me preencho.

O vazio é o único que se alimenta de mim.

Bebo água e, como rio, encho. E seco.

Estou doente de corpo?

Estaria sisuda a minha alma?

Minto.

Corro e não avanço.

Tropeço e fico no chão.

Levantar para quê?

Penso.

De pé é mais fácil. Ou não.

Em mim, o prazer é um momento e o sofrimento dura mais.

Porque sorrir é uma boa desculpa para

esconder o quanto sofro.

O que eu tenho, então?

Pergunto aos passarinhos que me habitam,

mas aquele que bate vermelho

se recusou a falar.

Foi então que constatei o pior:

o que eu tenho é preguiça mesmo.

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