Meu mundo de ipês
- Luciano Lopes
- 23 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jan. de 2022

Vim de um mundo cheio de ipês. Vim de um mundo com florestas coloridas de ipês. Tinha ipê roxo, ipê-rosa, ipê-amarelo. Tinha ipê cheio de passarinhos e tinha ipê cheio de macacos. O chão era forrado com flores de ipês que caíam das copas frondosas, alegrando o chão que exaltava as árvores. Tinha ipê na beira dos rios e a água refletia sua forma elegante.
No meu mundo de ipês, eu trabalho fazendo o que gosto. No meu mundo de ipês, eu ouço a música que eu quero, danço do jeito que sei, sem timidez. No meu mundo de ipês, não há ambiente tóxico: tudo funciona em harmonia, ninguém fala mal de ninguém, todo mundo se entende, se respeita e se completa. No meu mundo de ipês, guerra e violência são palavras que não existem nos dicionários.
Vim de um mundo de ipês e lá não existem ilusões, só verdades. Eles pertencem à realeza das árvores. Todos nós temos de nos curvar diante de um ipê. É um privilégio vê-los - eles hipnotizam pela beleza de ser. Não precisam fazer nada para chamar a atenção. Esses ipês. Quando me perguntam porque ando na rua olhando para cima, eles são a resposta. Eu olho os ipês.
Quando eu morrer (se é que alguém morre), quero ir para o meu mundo de ipês. Peço a Deus para deixar meu coração ir junto. Companheiro de tantas viagens, ele bate acelerado todas as vezes que vê um ipê. Que nossa última batida na Terra seja um sorriso de agradecimento por ter a vida maravilhada por ipês. Ah, e quando fui escrever esse texto, jurei que tentaria falar de ipês sem mencionar a palavra ipês. Acho que consegui.
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