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O amor segundo Carpinejar

Atualizado: 30 de jan. de 2022




O que faz de uma pessoa um bom escritor ou poeta é a sua sagacidade em descrever o cotidiano com maestria. Em perceber que o outro é necessário. Em mostrar que a simplicidade é a chave para uma vida, de fato, feliz. Mais: reconhecer os lados bom e ruim do amor sem se vitimizar ou fazer vítimas. Construir pontes e, nelas, ver nossos afetos, amigos, familiares e memórias se encontrarem.


O escritor, cronista e jornalista gaúcho Fabrício Carpinejar é assim, sagaz. Ele é brasa na hora de escrever o que sente - sabe que mexer com coração e palavra é o mesmo que lidar com fogo. Tem de ser quente para não se queimar, e saber também a hora certa de não ser faísca: e é aí que está o equilíbrio (ou o desequilíbrio?) apaixonante do que ele escreve.


Em um de seus livros mais recentes, "Cuide de seus pais antes que seja tarde" (Bertrand Brasil), Carpinejar vira menino e pai para resgatar valores e carinhos. E agradecer. Dá provas de que maturidade, mesmo, é “jamais negar nossa origem”. Como ele afirmou no livro, uma tentativa desesperada de ser mais pai do próprio pai, mais pai da própria mãe, e devolver um pouco do que recebeu deles na infância. Que sejamos todos desesperados em reconhecer o que os outros fizeram de bom por nós. Como Carpinejar nos mostra, o amor é atemporal, é saída, sempre salva, sempre há tempo para ele.


Confira, a seguir, 8 frases sobre amor e outras gentilezas poéticas extraídas de participações de Carpinejar no projeto “Sempre Um Papo” (uma iniciativa do jornalista Afonso Borges para incentivar o hábito da leitura e formar cidadãos mais críticos) e do livro "Cuide de seus pais...". Seja bem-vindo (a) ao jardim de palavras desse grande cronista gaúcho. Colha o que puder e não economize em semeá-las em outros lugares:


  • “Amor feliz é amor velho. É amor usado. É amor gasto onde conhecemos o outro pela telepatia, onde não mentimos e nem fazemos cerimônia para expressar as nossas vontades.”


  • “No amor, a lealdade é a medida. Não pensar que a outra pessoa não é capaz de entender o que você está pensando, senão você cria uma superioridade. Hoje as pessoas apresentam apenas as conclusões, nunca se é capaz de entender como ela chegou a um raciocínio.”


  • “Acredito no amor que tem fé. O amor é a religião dos ateus. Se você acredita no amor, acredita em um Deus que é secreto.”


  • “Feliz daquele que consegue notar que o outro tem uma imperfeição necessária. Sou contra a idealização do amor porque isso é mandar no que o outro deve fazer para nos completar. E isso nunca funciona. O amor é improviso. O amor é um trabalho imenso.”


  • “A felicidade familiar pode ser medida pelo índice de frequência do sofá da sala.”


  • “A gentileza é conforto. É sair do papel fixo para tentar agradar alguém. E tentar agradar alguém é ser muito vulnerável. Muito sensível. Porque nunca se sabe a resposta que pode surgir de quando você se doa. Nem sempre é a melhor resposta, porque somos avarentos ao receber presentes. Tem gente que não consegue receber elogio, nem cumprimento. Carinho, também. Não quer ser cuidado porque a pessoa fica pensando em como retribuir esse cuidado.”


  • “A alegria é generosa. Estamos alegres quando conseguimos repartir.”


  • “Se você consegue ser alegre com a presença do outro, você seduz. A sedução é aceitar os seus defeitos. É não ser perfeito, mas saber ser essencial.”


*Texto publicado originalmente na Revista Ecológico.


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