O mínimo é o máximo
- Luciano Lopes
- 24 de ago. de 2019
- 2 min de leitura

Nos últimos dias, estive pensando muito sobre a importância de se viver com o necessário. Em um mundo onde somos o tempo inteiro treinados para ser insatisfeitos, a frase da primeira linha é uma blasfêmia, eu sei. Mas pense bem: ter mais para quê? Acumular para quê?
O excesso sempre fez mal à humanidade e hoje, mais do que nunca, nossa história é marcada por ele. Excesso de roupas que não usamos no guarda-roupa. Excesso de alimentos que não são saudáveis e colocam nossa saúde em risco. Excesso de carros, de celulares, de quinquilharias que enchem nossas estantes e gavetas. Percebeu como a palavra excesso, na maior parte das vezes, é ligada ao que não é útil para nós? Não há valor em ter para mostrar.
A primeira vez que você conquistar o primeiro carro, se sentirá invencível. Foi assim comigo. Quando trocar por outro mais novo, vai dizer que se cansou do anterior. Mas, quando chegar o terceiro, nem a expressão "ter o carro da moda" vai fazer sentido. Vai pintar um vazio no peito, uma angústia, porque é isso que o consumismo e o excesso trazem.
A mídia, as revistas, as novelas e até a nossa família não nos deixam fugir à regra: você só será feliz se tiver um bom emprego, comprar sua casa e seu carro. Foi o que aconteceu com os amigos Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus. Quando entraram na casa dos 30 anos, os norte-americanos foram surpreendidos por um momento etéreo: perceberam que esse "modo feliz de viver" imposto pelo sistema só deteriorava a sua qualidade de vida. Optaram por adotar um estilo minimalista de viver e transformaram a própria história.
Depois de criarem um site na internet para contar suas experiências, lançaram um livro e hoje rodam o mundo estimulando e promovendo um jeito saudável e sustentável de vida. Entenderam que celulares não podem substituir um jantar com a família, um encontro com a namorada, momentos que jamais poderão ser vividos novamente se forem ofuscados pelo que escraviza a convivência. Como o próprio Joshua costuma afirmar nas palestras ao lado do colega, é preciso "amar as pessoas e usar as coisas, porque o contrário nunca funciona".
Depois de conhecer a história deles ao assistir "Minimalismo - um documentário sobre as coisas que importam", dirigido por Matt D'Avella, algo mudou em mim. Optar pelo necessário para viver tem me deixado mais satisfeito com a vida. Tudo faz mais sentido: você evolui respeitando a si próprio, a natureza e o próximo. O vazio e angústia desaparecem aos poucos e até a felicidade, que às vezes some sem deixar endereço, voltará a te enviar cartas. Em uma delas, tenho certeza que ela escreverá que você acertou em escolher viver com o necessário.
Que lição aprendemos com tudo isso? Que as pessoas têm de ser identificadas e lembradas pelo que são e não pelo que têm. O mínimo é o máximo!
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