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Perdoe-os, Natureza. Eles não sabem o que fazem

Atualizado: 23 de out. de 2019



Perdão às árvores, estupradas pelos machados e violentadas pelo fogo da imoralidade humana. Perdão às suas folhas verdes, forçadas a ostentar o cinza da destruição. Perdão às suas raízes, que aprofundam solo adentro e se agarram ao ventre da Mãe Terra enquanto sua liberdade vegetal é queimada na superfície.


Perdão aos animais, que tiveram suas casas dilaceradas pelas labaredas da ignorância. Perdão pelas almas humanas gananciosas que atravessaram seus caminhos e os trancaram em caixas, imobilizando a justiça calada de seus corpos que não são mais livres.


Perdão às aves, pelos voos interrompidos. Pelos répteis e pelos insetos, que não tiveram para onde correr. Perdão a todos os filhos não nascidos, de todas as espécies da Grande Floresta, que não poderão honrar sua descendência porque os pais foram limados do existir.


Perdão às crianças, por terem como exemplo gerações anteriores vazias de compaixão e respeito à natureza, egoístas da solidariedade universal. Perdão pelos mentirosos engravatados, que expõem ao mundo a sua incapacidade de gerir as próprias mentiras, incompetências, falta de educação e de conhecimento científico enquanto colocam o futuro da humanidade (incluindo o de si próprios) em risco.


Perdão, Amazônia e demais florestas brasileiras, pela vergonha que sinto agora por essa insensibilidade da ditadura velada, que leva ao chão árvores centenárias, que compactua com a ilegalidade e a destruição ambiental. E que culpa quem é inocente para dar vazão à mediocridade de uma gestão falida de afeto à Criação.


Perdão, Deus, por ter de se fazer invisível aos nossos olhos para manifestar-se nas maravilhas da natureza e, assim, reacender a esperança do respeito ao mundo natural. Perdão por renegarmos, mais uma vez, a gentileza em nos salvar de nós mesmos - pois até o galo não está mais aqui para cantar e lembrar os nossos erros.



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