Solidão na parede
- Luciano Lopes
- 16 de jul. de 2019
- 1 min de leitura
Atualizado: 17 de jul. de 2019

Sonhei ser um quadro na parede.
Solitário, sem essência,
companheiro do reboco frio.
Abraçado aos tijolos,
contemplo o vazio em meu peito
que só pode ser preenchido com estrelas.
É que meus caracóis mudam
de cor a cada ventania.
Está alto o som dos vivos,
onde sou pequeno.
Ando até o ventre da Terra,
caçando preenchimento
para meus espaços.
Lá, no seio de minha mãe, eu reino tupi.
O coral de cipós que adorna meu peito
tampa a saudade do céu.
Contemplo a sala ainda triste.
Escondo-me em palavras para
não perceberem que sou ridículo.
Semearam silêncio aqui.
A alma pede para gritar. Grito.
Deus ouve minha solidão e
cobre meus abismos com flores.
A esperança retorna à floresta.
E eu, quadro, agora cismo doce
que sou uma paisagem.
Luciano Lopes me surpreende mais uma vez com o talento de um poeta e escritor dos melhores. Seus textos são bálsamo para a minha alma ferida. Amei os escritos dessa figura elegante, sofisticada, nobre na linguagem, que me faz voar em vez de rastejar como vem acontecendo nos tempos atuais. Gratidão Luciano Lopes por me fazer mais feliz e ter prazer ao te ler.